CHUVA

Ainda da chuva da madrugada
que choveu a alma,
que escorreu e foi...
tão forte e intensa quanto a intensidade das notícias,
quanto a delicadeza de tudo,
quanto o não esperar, o não compreender...

Ainda da chuva de ontem
que já se esperava,
que já se imaginava,
mas se fazia de incrédula,
abafando tudo,
abafando a alma e esquentando o sangue...

Ainda da chuva de sempre
que alaga tudo,
que buraco na telha vira torneira aberta,
que não importa onde,
mas invade tudo e nada se há de fazer...

Ainda da chuva da gente
que borra a maquiagem e mostra quem somos
e embaça os óculos,
mas nos faz enxergar o que não se via antes
e, de maneira mais nítida e clara, nos faz perceber que tudo já estava ali...

Ainda da chuva que esfria os ânimos,
que nos traz um sorriso,
que nos ata um no outro em um só nó e esquenta o coração
e, então, não é só chuva, é amor, é canção, é vida,
somos eu e você.